sexta-feira, 12 de setembro de 2014

PIB brasileiro surpreende com crescimento vigoroso, segundo analistas

12/9/2014 14:07
Por Redação - de Brasília
comércio
PIB esperado era menor do que constatou o IBGE
A atividade econômica apresentou crescimento em julho, depois de dois meses seguidos de retração. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) dessazonalizado (ajustado para o período) teve crescimento de 1,5%, em julho. Em junho, a queda ficou em 1,51% e, em maio, em 0,46%, de acordo com os dados revisados divulgados em relatório do BC, nesta sexta-feira. Esse foi o maior crescimento mensal desde junho de 2008 (3,32%).
Em relação a julho de 2013, houve expansão de 5,28%, de acordo os dados sem ajustes para o período. De janeiro a julho, a atividade econômica ficou praticamente estável, com crescimento de 0,07%. Em 12 meses encerrados em julho, a expansão ficou em 1,14% (dado ajustado para o período). O IBC-Br é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica brasileira. O índice incorpora informações sobre o nível de atividade dos três setores da economia: indústria, comércio e serviços e agropecuária.
Em junho, o indicador havia mostrado contração de 1,51% sobre maio em dados dessazonalizados revisados pelo BC. Anteriormente, havia sido divulgado queda de 1,48% em junho. O resultado de agora foi bem melhor que o esperado em pesquisa da agência inglesa de notícias Reuters, cuja mediana de 21 projeções apontava alta de 0,80% em julho.
“Vemos o número mais alto do que o esperado principalmente como recuperação técnica de um segundo trimestre profundamente negativo. Portanto, não é indicativo de clara tendência de recuperação econômica”, destacou em nota o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos.
Na comparação com julho de 2013, o IBC-Br recuou 0,31% e acumula alta de 1,14% em 12 meses, ainda segundo dados dessazonalizados. A economia brasileira entrou em recessão no primeiro semestre, afetada sobretudo pela indústria e pelos investimentos em queda. No segundo trimestre, o Produto Interno Bruto (PIB) havia recuado 0,6% sobre o período imediatamente anterior.
O cenário de atividade fraca vem junto com o de inflação ainda elevada, num momento em que a presidente Dilma Rousseff (PT) tenta a reeleição. Em julho, a produção industrial havia avançado 0,7% frente a junho após cinco meses de queda, ainda que os dados tenham sido encarados com cautela por agentes econômicos, que ainda não estavam convencidos na tendência de recuperação.
No mesmo período, no entanto, as vendas no varejo recuaram 1,1%, muito pior do que o esperado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, o IBC-Br de agosto deve apontar para estagnação da economia, e portanto a alta de julho “não representa uma retomada de expansão sustentável”.
“Por enquanto, os dados apontam economia próxima da estagnação no terceiro trimestre, o que não seria bom em virtude das contrações nos primeiros trimestres. O que se espera é que volte a crescer”, disse ele, que estima alta do PIB de 0,2% neste ano.
Economistas de instituições financeiras consultados na pesquisa Focus do BC veem que o crescimento do PIB em 2014 ficará abaixo de 0,5%, bem aquém da expansão de 2,5% vista em 2013.
O IBC-Br incorpora estimativas para a produção nos três setores básicos da economia: serviços, indústria e agropecuária, assim como os impostos sobre os produtos.